Estamos em quarentena. Ao menos, aqueles de nós que podem estar. Há um vírus circulando por ai, e isso trás um senso interessante sobre a responsabilidade que sempre tivemos uns com os outros e que nunca demos importância.
Eu vi discutirem muito, especialmente no início, sobre quanto mata, que gripe mata mais. Pessoalmente, eu acho que qualquer vírus que mata deve ser tratado com responsabilidade e talvez através do Covid-19 a gente possa refletir sobre a maneira como temos sido responsáveis uns pelas vidas dos outros enquanto coletivo.
Vou contar uma história pessoal:
Eu nunca tinha conhecido Aparecida do Norte e visitado a Basílica de Nossa Senhora de Aparecida. Surgiu uma oportunidade de uma excursão com minha mãe, minha avó e outras senhoras da vizinhança. Acho que o passeio era numa quinta feira.
Uma tia iria ao passeio com a gente disse na segunda-feira que estava com virose. Eu disse a ela, “Bom, se cuide, tome sopa, coma frutas, beba bastante água, mas se até quinta-feira não estiver boa, fique em casa”.
Pois bem, estamos em Aparecida e eu digo a essa dia que estava feliz que ela tinha melhorado.
“Ah, filho, quem disse que eu melhorei”...
Moral da história, um dia depois comecei a sentir dores pelo corpo e no outro dia estava com diarreia, e passei dois dias de caganeira. Mas não só eu, mas minha mãe, e minha avó, que na ocasião tinha 94 anos.
Só que descubro que TODO MUNDO que estava no ônibus apresentou os mesmos sintomas e, bem, os passageiros eram predominantemente senhoras de mais de 60 anos.
Aí a gente pensa em quantas pessoas essa mesma tia, que não fez por mal, não deve ter contaminado passeando pela catedral, pela ponte, pela cidade, pelos corredores.
Dezenas , centenas, talvez milhares de pessoas, pois uma pessoa do interior do Paraná, de Rondônia, ou até de outro país, pode ter cruzado o caminho dela e levado essa mesma virose para algum lugar aonde há escassez de tratamento e uma pessoa com algum problema de saúde pode ter morrido, ou várias.
Estou falando isso pra acusar a pobre da minha tia de homicídio doloso? Claro que não. Porque todos nós já fizemos isso ao ir para o trabalho doente, ao ir para a escola ou faculdade doente. E nem todo problema de saúde gera atestado, comprovação.
A gripe sazonal mata mais e vem todo ano. Com certeza. A diferença pro Covid-19 é que não tem tratamento e não sabemos como lidar com ele, portanto ele, neste momento, é uma ameaça perigosa. Mas vamos lá:
Quantos de nós aguentamos a vida toda a gripezinha na chegada do inverno, e foi até o trabalho, passando ela pra todo mundo no ônibus, metrô, taxi, em clientes, colegas de trabalho, até chegar no pai, mãe, vó, vô de alguém, ou em algum familiar jovem, com problemas severos respiratórios?
Todos nós, sem exceção, podemos ter causado a morte de alguém, ao longo da nossa vida, ao ir para o trabalho, escola, ou ao shopping, mercado, cinema, estando gripado.
Este cuidado que estamos aprendendo a ter agora, vamos lá: SEMPRE FOI NECESSÁRIO!
A gente simplesmente tem que ficar quieto em casa e esperar passar. Por respeito à vida do próximo. E pessoalmente eu acho tão bonito quando a gente consegue trazer o senso de responsabilidade para pessoas que nem fazem parte da nossa vida. É uma coisa até divina, angélica.
Vamos deixar no ar algumas coisas pra conversar em outro momento:
É difícil para um chefe confiar, certo? Bem chegou o momento em que precisamos aprender a confiar uns nos outros.
Chegou o momento, também, em que devemos aprender a não abusar da confiança que nos depositam. Se temos chefes que são solidários a nossas questões pessoais, porque não reconhecer a isso e compreender que mentir que está doente é uma atitude desonesta. É corrupção. Já mentiu para um chefe dizendo estar doente? Você já tem um ato de corrupção no currículo.
Mais um assunto para elaborar mais em outra ocasião, pois esse segue para uma pauta mais política: Como viver em um mundo aonde pessoas possam ficar em casa em caso de problemas de saúde, e a pessoa, por exemplo, não tem de onde tirar dinheiro, é autônoma?
Precisamos lembrar que é preciso um estado que ampare, sim, incondicionalmente, porque eu não quero pegar a gripe ou vírus de ninguém só porque a pessoa precisa sair de casa. É preciso aceitar que justiça social não é mamar na teta do governo. É sobrevivência. Sobrevivência do seu pai, mãe, vó ou avô, irmão, filho ou amor da sua vida que vai pegar uma doença porque as pessoas não tem alternativa a não ser continuar circulando.
Fique em casa, brinque com seu cachorro, leia um livro. Leia meu blog. hahahahahahahaha. 😇😆
Precisamos nos lembrar todos os dias do fato de que não estamos sozinhos no mundo.
No Comentários