Autoexpressão e a Vida na Selva

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(Roteiro de um vídeo para meu canal no Youtube Alex Pedro TV)

Existe apenas um caminho para a paz e para a felicidade, e o nome desse caminho é auto-expressão. Dizer isso pode imediatamente ofender algumas pessoas religiosas que acreditam que o único caminho tá, especificamente, na fé que ela segue. Mas a verdade é que sem auto-expressão, qualquer que seja a nossa religião, ela é ingênua vazia e sem propósito.

Se você só encontra a Deus nas palavras de profetas ancestrais, numa única escritura, dentro de um único lugar ou de um específico grupo de pessoas, você acaba fadado ao fracasso. Porque a ideia é que você seja capaz de reconhecer a face dele em toda a sua criação.

Portanto, diante de tudo aquilo que surge diante de você. E toda essa diversidade de pessoas e de maneiras de pensar e ver a vida, inclusive. Sendo você uma pessoa religiosa, cabe a você reconhecer que da mesma maneira que Deus criou você e tudo aquilo que te permite dar importância ele, Deus criou as pessoas que não acreditam nele, que o rejeitam. E todas as condições sociais ou emocionais que fazem com que essa pessoa não acredite nele.

E inclusive através de quaisquer escrituras, fica claro que o único juiz do caráter e moralidade de outras pessoas é Deus, e a partir do momento que você se sente no direito de julgar, você está se achando no direito de sentar no trono que é dele.

Nenhum de nós pode sentar na cadeira dele, nem um padre, um pastor, nenhum Rabino. O que nos cabe é cobrar a justiça que chamamos de justiça dos homens, que é aquilo que nós fazemos uns para os outros, e que concordamos de ser certo ou não de acordo com o interesse comum, coletivo.

Agora se você é ateu, você pode atribuir a isso que as pessoas religiosas chamam por Deus pelo que nós entendemos pelo Cosmos, e quão sofisticados foram os seus recursos, os seus mecanismos, para fazer com que a poeira de alguma estrela que explodiu há bilhões de anos atrás gerasse o carbono que estrutura o corpo que você tem para andar falar e pensar.

Não é lindo que tamanha coincidência te permita existir? E que essa mesma coincidência que deu vida para você, que pensa como pensa, permitiu que as pessoas que atribuam a ela o nome de Deus também existisse, e portanto, reverenciar as leis da física e a natureza cósmica te obriga a reconhecer que também as pessoas que a reverenciam dentro de um aspecto espiritual sejam igualmente respeitáveis.

Elas são tão obras desse acaso quanto você.

Não é lindo que o planeta tenha se formado por bilhões de anos, acumulando a água de milhões, bilhões, centenas de bilhões, sei lá, de meteoros que caíram, de cometas... Trazendo as águas, trazendo os nutrientes que formam a vida e toda essa variedade biológica que a gente celebra,  e tenha aprendido a proteger, e defender e preservar dia após dia.

As mesmas forças universais que criaram tudo aquilo que você aprecia e defende, criaram tudo aquilo que você julga feio no mundo. Criaram o ser humano e todas as suas camadas e comportamentos.

Ah, tá bom, mas o que que isso tem a ver com a auto-expressão?

Tudo, meus amigos, tudo.

É necessário aprender a apreciar as excentricidades boas e ruins da natureza com igual compaixão, porque do contrário a gente não vai conseguir olhar no espelho por tempo demais para poder reconhecer com humildade tudo aquilo que a gente recrimina nos outros, e que nega existir dentro de nós. E tudo isso é justamente aquilo que nos torna únicos.

 Portanto, a nossa relação para criação, sendo ela divina ou um acaso cósmico, é a chave para que a gente possa alcançar um estado pleno de felicidade. Deus ou a natureza criou o elefante, que é enorme e largo, e herbívoro. E um grilo, que é pequeno e esguio. E Predador.

Criou a baleia e a sardinha, a zebra e o cavalo, a pessoa gorda a pessoa magra. A Branca, a preta. A heterossexual, a homossexual. A cisgênero, transgênero... A pessoa azul, a pessoa lilás.

E tudo é naturalmente compatível dentro desse sistema onde tudo pode ser diferente, e nada ocupa o espaço de outra coisa. E uma coisa não precisa substituir a outra. Tem espaço para tudo existir no mundo.

E, misteriosamente, tudo parece ter um propósito: tira um inseto de um ecossistema e você vai vê-lo entrar em colapso. Inclua um mamífero diferente dentro de um ecossistema que não é o dele, e ele também vai entrar em colapso.

E com os nossos comportamentos mais estranhos, ou com os comportamentos estranhos que a gente vê nos outros...  Será que também não há algum propósito aí?

Existem predadores e existem as presas. Algumas presas são predadores de outras espécies, mas muitas são animais que só comem vegetais. Um coelho selvagem: ele come grama, ele come flores, ele come raízes, ele é fofinho... E aparentemente delicioso, porque ele está incluído no cardápio de muitos predadores de todas as partes do mundo aonde existem coelhos.

O Predador é, portanto, um evento natural do Cosmos. E eles também existem entre nós, seres humanos. Eventualmente, um coelho arisco pode se defender de uma maneira audaz de uma cobra perigosa e faminta... Grande, habilidosa. E existem presas que, eventualmente, derrotam violentamente os seus predadores. Uma galinha pode dar uma surra numa cobra faminta e brava que tenta mexer com os seus filhotes.

Olhar para esses aspectos, e reconhecê-los como parte da natureza do Cosmos, ajuda a gente a julgar menos esses seres humanos que tem esses comportamentos predatórios. Porque se nosso instinto de sobrevivência exige respeito a nossa soberania, cabe a nós deixar claro para o predador que a nossa carne não integra o seu cardápio.

Porque, de acordo com a natureza (não sou eu falando, é a natureza), alguns animais, ainda que dóceis e fofinhos, realmente existem apenas para ser almoço. Mas cabe a eles decidirem isso no momento em que são atacados.

Diz a natureza, portanto, que o predador tem o direito de tentar. Mas a natureza também nos diz que ele pode pagar com a vida, e que ele precisa de, portanto, se reconhecer com um predador, e admitir a derrota, se quiser sobreviver. E lidar abertamente com as consequências, seja fugindo, seja parando.

A autoexpressão tem a ver com os motivos que te levam a querer sobreviver a mordida do predador, e ainda que você seja um animal dócil, ser capaz de dilacerar aquele que é maior que você, mais feroz e faminto que tenta te comer.

Autoexpressão tem a ver, também, com os motivos que fazem o predador notar você. Tem a ver com você querer ser fofinho em paz num ambiente que é selvagem. E você tem que aprender que você é fofinho, pacífico, herbívoro, mas você vive num ambiente onde você é observado por águias, cobras, raposas, lobos...

E que você precisa aprender a sobreviver a isso tudo, e a defender-se quando necessário. Entendendo que eles sempre vão existir ao seu redor, e que, portanto, não adianta você querer construir um mundo onde os predadores não existem. Você precisa aprender a construir um mundo aonde você sobrevive a eles, e os derrota quando eles se metem com você.

Autoexpressão tem a ver com as coisas que podem tornar você potencialmente frágil ou solitário, e tem a ver com o seu desejo de permanecer vivo na selva ainda assim.

Não tem alta expressão, por exemplo, o coelho que reivindica que nenhuma cobra tente comê-lo. A cobra não é má, a cobra só tá fazendo cobrisse. Tem autoexpressão o coelho que, quando a cobra tenta comer ele, ele dá uma surra na cobra. Eles existem e são muito.

Tem autoexpressão, por exemplo, aquela coelha preta que entrou num ônibus de coelho branco, cansada de longo dia de trabalho. E aí ela sentou no banco e os coelhos brancos ficaram indignados porque “num ônibus de coelho branco, coelho preto não pode sentar!”

- Ah, querido, tô cansada e vou ficar sentada sim!

#elesquelutem

Perde a expressão no momento que disse que não vai lutar porque a cobra é má, e ele não. E que, portanto, você acha que a natureza tem que se submeter, simplesmente, a sua vontade, sem que você faça nenhum esforço para dizer para natureza “Porquê que a sua soberania merece ser respeitada”. É a natureza que nos dias isso, não eu.

A cobra não é má, a cobra é carnívora e o coelho é feito de carne. Se o coelho é herbívoro, “Ah, meu amor, isso é um problema dele”, porque a cobra não é, ela tá com fome... E ela chegou.

E cabe a ele deixar claro para cobra que ele não é carne, mas um coelho.

“Senhor Coelho, pra você!”

E que ele gosta da vida que tem, e que ele gosta de estar vivo, e que ele pretende está vivo amanhã, nesse mesmo horário.

Ele não tem que, apesar de herbívoro, comer a cobra. Mas se for necessário ele mata a cobra, sim. É a vida dele ou da cobra. Mas ainda assim, não precisa matar cobra, também, apenas ensiná-la que ele não é comida.

Se todos os coelhos deixassem claro para as cobras que não são comida, as cobras, eventualmente, iriam aprender a comer alface, porque a natureza reage assim às mudanças.

A gente aprende a olhar para tudo isso que existe no mundo, que a gente acha bonito, e que a gente acha feio, injusto, com igual compaixão... E aí eu volto para o começo do vídeo, fica mais fácil a gente olhar para dentro sem se sentir constrangido com as nossas próprias sombras. Porque a gente não julga dos outros, então a gente não tem medo que as nossas sombras sejam julgadas, também.

A gente deixa de olhar para os aspectos da nossa personalidade, ou para escolhas que a gente fez ao longo da nossa vida que a gente via como negativas e ruins, e simplesmente as entende como escolhas que geraram consequências, e conhecimentos através dessas consequências... A gente extrai melhor as lições e a gente, também, repreende menos as pessoas que estão lá fora. Porque tá todo mundo na selva, que nem você.

Por exemplo, uma pessoa que possa ter tido problemas com drogas ou com promiscuidade, e aí a pessoa sossegou na vida, arrumou juízo,  vamos dizer assim. Aí a pessoa fica falando mal de quem tá lá, “porque eu deixei essa vida” e fica recriminando as pessoas que ainda “vivem aquela vida”.

Um dia você foi “essas pessoas”, portanto, da mesma forma como você conseguiu despertar, as outras pessoas eventualmente vão também. Tomara que consigam. Mas se não conseguirem, bom, talvez você, se tivesse morrido antes, não teria conseguido também. Cabe a você julgar alguém que comete um erro que você deixou de cometer?

Quando a gente julga alguém por cometer um erro que a gente cometeu um dia e deixou de cometer, sinto muito dizer isso, mas a gente não é a metade da pessoa que a gente pensa ser.

Ainda tem bem mais conversa, mas já dá para você deixar uma curtida no vídeo aqui e já pensar que que você vai falar a respeito disso nos comentários. E se inscreve no canal para me ajudar.

Saber que a natureza é esse diamante lindo, lapidado com tantos lados diferentes é o que nos ajuda a nos enxergar da mesma forma. E quando você não reprime e não recrimina, não nega... E não esconde essa infinidade de lados que você tem em você, é quando surge a autoexpressão.

Nesse dia, quando você diz que você acredita em Deus, você acredita de verdade. Quando você diz que você não acredita em Deus, você não acredita de verdade. Porque um ateu sem autoexpressão é só uma pessoa chata, pirracenta, querendo tratar como ridículos os paradigmas e os seus preceitos e conceitos de seus ancestrais que, de alguma forma, agrediram essa pessoa, e que ela não sabe como lidar com esses sentimentos... E precisa de ficar...

E a mesma coisa a pessoa religiosa, que fica enchendo o saco de quem não é.

Compartilha esse vídeo para todo mundo que você conhece, dá uma força aqui para o meu canal.

Qual é a sua sombra? Quais são os aspectos seus que você encontra dificuldade em lidar, e que tem medo de ser julgado, exposto... Qual é a sua sombra?

Comenta aqui embaixo, vamos conversar.

Eu sou Alex Pedro e esse foi o Papo com o Amigo Canceriano. Eu vou ficando por aqui.



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