A lenda do temível Saci-de-duas-pernas

by - 17:32:00

artista desconhecido

Em algum lugar da Bahia, escondia-se a discreta cidade de Itaxoxota do Norte. Povoada por dois mil habitantes, Itaxoxota era muito conhecida pelas lendas folclóricas. O terror da cidade era o violador das profundezas retais, o temível Sací de duas pernas.

          Sua primeira aparição registrada foi no meio da década de trinta. A vítima fora João Santos Leite, um rapaz jovem recém formado em advocacia. Ele andava pela cidade, certa vez, meia noite naquela sexta-feira treze, noite de luar, quando olhou para a lua e ficou em silêncio contemplando o céu.

          João estaria próximo de uma árvore quando teria notado no paralelepípedo, a silhueta recortada da sombra de um homem baixo, com duas pernas: uma comprida, com a qual ele se equilibrava, e outra menor e menos grossa, quase colada com a outra, que chegaria até o meio da coxa, ele olhou para trás.

          “Meu Deus, é um pênis”. O malandro teria balançado a cobra, pesada que era, e deu uma gargalhada quase infantil.

          Que dilema. Deveria Joãozinho correr do bandido?

Ele pensou em correr, mas teria decidido por sua vida nas mãos de Jesus, e tapou os olhos. Sentiu um vento forte, e começou a girar, e então... “Ai como dói, meu Deus, pára, pelo amor de Deus, pára, meu Deus, que delícia”.

          João acordou na manhã seguinte do outro lado da cidade. Manco. Disse que correu, mas que o bandido era um selvagem, que o perseguira, e o sodomizara contra sua vontade. A descrição era a seguinte: rapaz negro, um metro e oitenta e dois, magro, nu, com apenas a perna esquerda, capuz vermelho e um pênis anormalmente grande.

          Na mesma época, dois anos depois, aconteceu um novo incidente. Dona Juciara, uma senhora de cinqüenta e poucos anos, viúva, tinha saído certa noite de sexta-feira treze para fazer uma simpatia para que seu filho engravidasse sua esposa depois de quinze anos de casamento. Vivia no bairro chamado, na época, de Jardim do Éden. Juciara estava na encruzilhada, deixando a cachaça e fazendo a mandinga quando o rapaz negro apareceu.

          Foi para o seu pênis que ela olhou: “Eita nóis...”.

          - Ma’ tu é o capeta?

          Ele riu, segurou a bengala com uma mão e bateu com ela na outra mão. A senhora ouviu o tapa pesado daquilo.

          “Creindeuspai”... E saiu correndo. Ele ficava aparecendo, por todo lado, perseguindo ela, rindo, balançando a caceta. Ela com medo, ele às gargalhadas.

          Então ele apareceu bem na frente dela, em um redemoinho, e ela começou a girar, e a saia voava, e ele puxou sua calcinha de ladinho e, girando, voando, mandou ver.

          Dona Juciara acordou no banco de uma praça, no Jardim do Éden, exausta e cheia de assaduras. Pobre da mulher. Voltou para sua casa mancando. Foi na polícia, e depois de virar piada, mudou de cidade, onde nasceu seu outro filho, um menino pretinho, com uma perna só e, mesmo bebê, com uma bengalona imensa.

          Ela o levou para o mato, e imediatamente um redemoinho de areia e folhas secas o levou embora. A mulher se benzeu e nunca falou sobre isso pra ninguém.

          Com o tempo, a freqüência dos ataques foi cada vez maior, e, ao passo que pessoas em noites de sexta feira treze andavam pelas ruas temerosas, havia também os curiosos, turistas e carentes que andavam por aí a espera do mítico encontro.

          Após muitos casos, Jardim do Éden mudou de nome para Calça do Saci. Região muito popular da cidade, com suvenires artesanais dos mais curiosos.

          Na década de setenta, o Saci apareceu apenas uma vez. Foi em setenta e dois, numa sexta-feira treze qualquer. Faria dois anos que não se ouvia falar em incidentes (se bem que a verdade é que muita gente transava com o Saci e não contava nada pra ninguém), e Malva fora vitimada.

          Malva era jovem, adolescente. Tinha saído para namorar com o jovem Claudionor, que negou fogo sob o argumento de que casaria virgem. A menina voltava para casa, quando ouviu som de palmadas. Olhou para o lado e viu ele ali, batendo com a “estrovenga” numa das mãos.

          Ah, ela não perdeu tempo, agarrou a criatura, e ele começou a girar, e brincaram. E o Saci comeu a menina, na frente e no verso, e tentou deixa-la, mas ela não cansava. Ela não o largava. Ele ficou desesperado. Ela não parava, queria sempre mais. Ele começou a gritar, girava, tentava jogar a garota longe, mas ela ficava agarrada na caceta dele.

          O Saci deu um soco na garota e saiu correndo. Foi para bem longe de Itaxoxota. E por quase dez anos permaneceu desaparecido. Ninguém nunca soube porque.ra namorar com o jovem Claudionor, que negou fogo sob o argumento de que casaria virgem. A menina voltava para casa, quando ouviu som de palmadas. Olhou para o lado e viu ele ali, batendo com a “estrovenga” numa das mãos.

          Ah, ela não perdeu tempo, agarrou a criatura, e ele começou a girar, e brincaram. E o Saci comeu a menina, na frente e no verso, e tentou deixa-la, mas ela não cansava. Ela não o largava. Ele ficou desesperado. Ela não parava, queria sempre mais. Ele começou a gritar, girava, tentava jogar a garota longe, mas ela ficava agarrada na caceta dele.


          O Saci deu um soco na garota e saiu correndo. Foi para bem longe de Itaxoxota. E por quase dez anos permaneceu desaparecido. Ninguém nunca soube porque.

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