artista desconhecido |
Em algum lugar da Bahia, escondia-se a discreta cidade de Itaxoxota
do Norte. Povoada por dois mil habitantes, Itaxoxota era muito conhecida pelas
lendas folclóricas. O terror da cidade era o violador das profundezas retais, o
temível Sací de duas pernas.
Sua primeira
aparição registrada foi no meio da década de trinta. A vítima fora João Santos
Leite, um rapaz jovem recém formado em advocacia. Ele andava pela cidade, certa
vez, meia noite naquela sexta-feira treze, noite de luar, quando olhou para a
lua e ficou em silêncio contemplando o céu.
João estaria
próximo de uma árvore quando teria notado no paralelepípedo, a silhueta
recortada da sombra de um homem baixo, com duas pernas: uma comprida, com a
qual ele se equilibrava, e outra menor e menos grossa, quase colada com a
outra, que chegaria até o meio da coxa, ele olhou para trás.
“Meu Deus, é
um pênis”. O malandro teria balançado a cobra, pesada que era, e deu uma
gargalhada quase infantil.
Que dilema.
Deveria Joãozinho correr do bandido?
Ele pensou em correr, mas teria
decidido por sua vida nas mãos de Jesus, e tapou os olhos. Sentiu um vento
forte, e começou a girar, e então... “Ai como dói, meu Deus, pára, pelo amor de
Deus, pára, meu Deus, que delícia”.
João acordou
na manhã seguinte do outro lado da cidade. Manco. Disse que correu, mas que o
bandido era um selvagem, que o perseguira, e o sodomizara contra sua vontade. A
descrição era a seguinte: rapaz negro, um metro e oitenta e dois, magro, nu,
com apenas a perna esquerda, capuz vermelho e um pênis anormalmente grande.
Na mesma
época, dois anos depois, aconteceu um novo incidente. Dona Juciara, uma senhora
de cinqüenta e poucos anos, viúva, tinha saído certa noite de sexta-feira treze
para fazer uma simpatia para que seu filho engravidasse sua esposa depois de
quinze anos de casamento. Vivia no bairro chamado, na época, de Jardim do Éden.
Juciara estava na encruzilhada, deixando a cachaça e fazendo a mandinga quando
o rapaz negro apareceu.
Foi para o
seu pênis que ela olhou: “Eita nóis...”.
- Ma’ tu é o
capeta?
Ele riu,
segurou a bengala com uma mão e bateu com ela na outra mão. A senhora ouviu o
tapa pesado daquilo.
“Creindeuspai”... E saiu correndo. Ele ficava aparecendo, por todo lado,
perseguindo ela, rindo, balançando a caceta. Ela com medo, ele às gargalhadas.
Então ele
apareceu bem na frente dela, em um redemoinho, e ela começou a girar, e a saia
voava, e ele puxou sua calcinha de ladinho e, girando, voando, mandou ver.
Dona Juciara
acordou no banco de uma praça, no Jardim do Éden, exausta e cheia de assaduras.
Pobre da mulher. Voltou para sua casa mancando. Foi na polícia, e depois de
virar piada, mudou de cidade, onde nasceu seu outro filho, um menino pretinho,
com uma perna só e, mesmo bebê, com uma bengalona imensa.
Ela o levou
para o mato, e imediatamente um redemoinho de areia e folhas secas o levou
embora. A mulher se benzeu e nunca falou sobre isso pra ninguém.
Com o tempo,
a freqüência dos ataques foi cada vez maior, e, ao passo que pessoas em noites
de sexta feira treze andavam pelas ruas temerosas, havia também os curiosos,
turistas e carentes que andavam por aí a espera do mítico encontro.
Após muitos
casos, Jardim do Éden mudou de nome para Calça do Saci. Região muito popular da
cidade, com suvenires artesanais dos mais curiosos.
Na década de
setenta, o Saci apareceu apenas uma vez. Foi em setenta e dois, numa
sexta-feira treze qualquer. Faria dois anos que não se ouvia falar em
incidentes (se bem que a verdade é que muita gente transava com o Saci e não contava
nada pra ninguém), e Malva fora vitimada.
Malva era
jovem, adolescente. Tinha saído para namorar com o jovem Claudionor, que negou
fogo sob o argumento de que casaria virgem. A menina voltava para casa, quando
ouviu som de palmadas. Olhou para o lado e viu ele ali, batendo com a “estrovenga”
numa das mãos.
Ah, ela não
perdeu tempo, agarrou a criatura, e ele começou a girar, e brincaram. E o Saci
comeu a menina, na frente e no verso, e tentou deixa-la, mas ela não cansava.
Ela não o largava. Ele ficou desesperado. Ela não parava, queria sempre mais.
Ele começou a gritar, girava, tentava jogar a garota longe, mas ela ficava
agarrada na caceta dele.
O Saci deu
um soco na garota e saiu correndo. Foi para bem longe de Itaxoxota. E por quase
dez anos permaneceu desaparecido. Ninguém nunca soube porque.ra namorar com o jovem Claudionor, que negou
fogo sob o argumento de que casaria virgem. A menina voltava para casa, quando
ouviu som de palmadas. Olhou para o lado e viu ele ali, batendo com a “estrovenga”
numa das mãos.
Ah, ela não
perdeu tempo, agarrou a criatura, e ele começou a girar, e brincaram. E o Saci
comeu a menina, na frente e no verso, e tentou deixa-la, mas ela não cansava.
Ela não o largava. Ele ficou desesperado. Ela não parava, queria sempre mais.
Ele começou a gritar, girava, tentava jogar a garota longe, mas ela ficava
agarrada na caceta dele.
O Saci deu
um soco na garota e saiu correndo. Foi para bem longe de Itaxoxota. E por quase
dez anos permaneceu desaparecido. Ninguém nunca soube porque.
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